segunda-feira, fevereiro 05, 2007

O Paraíso Perdido:


Sem palavras



Mais um verão chega, sol, calor, mar, praia...

Ah, a praia, já faz alguns anos que passo alguns dias em uma praia de Santa Catarina (não vou dizer o nome, logo vocês saberão por que).

Uma praia linda, calma, tranqüila, quase tão calma quanto seu mar, alias seus mares, é a praia consegue reunir nas suas areias dois mares, mas isto é uma outra estória.

Enfim, anos atrás quem por aqui passava podia descansar aos únicos sons que tomavam o ambiente, o som do mar o do vento e o cantar dos pássaros, e quantos pássaros, Pardais, Rabo-de-Gralha, Canários e outras espécies que não sei o nome. Uma paz sem igual, caminhando pela areia você demorava minutos para encontrar alguém, quem realmente dominava as areias eram as conchas, se espalhavam por toda a praia aos milhares, de todos os tipos, formas, tamanhos, cores. Dentro dor mar a única coisa que se via era as fazendas de ostras e um ou outro banhista, que nem chegava a incomodar os cardumes de peixes que nadavam tranqüilos quase na beira do mar. A e o surf, não poderia me esquecer do surf, nesta praia raramente as ondas passam dos 20 centímetros, então tínhamos que ir para uma praia próxima uns 8 kilometros, o trajeto era demorado a estrada absurdamente esburacada, se demorava quase meia hora para completar a curta viajem e quando se chegava a este vilarejo, pegávamos nossas pranchas e entravamos, passávamos horas no mar quase que sozinhos, apenas alguns nativos dividiam as ondas conosco. Ao sair do mar voltávamos todos em silencio, não precisávamos falar nada o lugar e o ambiente falava por si. Enfim, havíamos descoberto o Paraíso.

Mas, os anos passaram. Hoje sentado aqui nesta mesma casa, os sons não são mais os mesmos, a praia foi invadida por carros equipados com o som mais potente possível, o belo cantar dos Canários foi substituído por bandas de pagode, por levadas funk e por todo tipo de barulho que estes carros possam produzir, uma barulheira sem igual. Caminhar pala areia, você deve ter cuidado, para não pisar em uma garrafa de cerveja deixado por alguém, deve ter cuidado para não morrer atropelado na beira da praia, novamente por um carro barulhento, alias esta mais do que provado quanto maior a potencia do som de um carro, menor a inteligência de quem o dirige. Ah e as conchas, pobres conchas foram seqüestradas, levadas de sua praia, colocadas em sacolas de supermercado e esquecidas dentro de alguma gaveta em um apartamento de alguma grande cidade, no lugar delas estão pontas de cigarros, pacotes de salgadinhos e a mais variada gama de porcaria. Dentro do mar as fazendas de ostras ainda estão lá, mas os peixes praticamente sumiram, agora no lugar dos peixes existem jet-skys das mais variadas cores e cilindradas, poluindo ao maximo a água e o ar. Existem também as lanchas, lindas, que desfilam com seus play boys chifrudos e suas piranhas expostas no casco da embarcação. A e o surf, não poderia me esquecer do surf, as ondas por aqui continuam as mesmas, então pegamos a mesma estrada, mas agora os buracos sumiram, um asfalto lindo tomou conta de pequena estrada, o percurso é feito rapidamente, entre pegas e acidentes, ao chegar no pequeno vilarejo entrar no mar se torna um desafio os nativos já devem ter desistido de surfar ali a tempo, entre 60 e 80 pessoas se acotovelam tentando pegar uma onda. Certo dia parei na beira do mar e simplesmente não entrei, caminhei uns 40 minutos até outro pico onde as ondas não são tão boas mas onde havia apenas dois surfista (três comigo) pude fazer uma seção de surf tranqüilo. Enfim, o Paraíso havia sido perdido.

Resta a nós procurarmos no próximo verão um lugar onde tenha o menor numero de pessoas possíveis. Porque nós Brasileiros somos o povo com a pior educação possível.



Como diz a propagenda ``O Verão Chegou``